10.1.09

Refúgio


Só da poesia, refúgio, espero;
E ninguém pode conter meu pensamento.
Não me façam engolir o que não quero;
Só com meu mundo me contento.

Prenderam-me;

Ataram-me as mãos ávidas de vida
E nunca mais encontrei a saída;
Só da poesia, refúgio, espero.

Prenderam-me;

Puseram em meus pés as esferas de chumbo,
Mas minha pena é sedenta do mundo;
Ninguém pode conter meu pensamento.

Prenderam-me;

Vestiram-me a roupa da boa conduta;
Eu grito contrário. Ninguém me escuta.
Não me façam engolir o que não quero.

Prenderam-me;

Impuseram-me o consumo desmedido,
Como se eu já houvesse escolhido;
Só com meu mundo me contento.

Ninguém pode conter meu pensamento;
Não me façam engolir o que não quero.
Só da poesia, refúgio, espero.


Frederico Salvo
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Direitos efetivos sobre a obra.

4 comentários:

Conceição Bernardino disse...

Um poema demasiado belo...vou voltar.

Beijinho

PQ disse...

Excelente o poema, quem me dera não ter de suar sangue para produzir poesia.

Anônimo disse...

"A poesia é o refúgio onde meus pensamentos vem descansar." (Helen de Rose) Lindo poema Fred, te seguirei sempre....bjos.

Anônimo disse...

Estimado amigo e ilustre Poeta Frederico, em cada um de nós existe um refúgio, o seu, embora o tenham prendindo, dele sai coisas maravilhosas, este belo poema é um exemplo, adorei.
Um óptimo fim de semana, um abraço amigo
António Cambeta