4.1.09

Divina inspiração

Não se encontra explicação para se dizer ao certo de onde procede um momento de inspiração. O arrebatamento, a surpresa que por vezes os versos causam ao seu próprio criador é mesmo um instante difícil de se traduzir em palavras. Tentei fazê-lo no soneto abaixo.




DIVINA INSPIRAÇÃO


Vertes em mim feito água de cacimba
Vinda num rompante. Abrupto espasmo
Inundando tudo como um orgasmo.
Divina inspiração: _ Sê sempre bem-vinda!

Vem a reboque de ti a vida inteira.
Enche esse poço, límpida, abençoada
E aquilo que até então era nada,
Nasce poesia. Santa parideira,

Sempre cavo no puro afã de encontrar-te.
Cravo forte as unhas nessa terra dura.
Grato prazer, minha paciência infinda.

Muitas vezes, quando fico a esperar-te,
Já quase desistindo dessa procura,
Vertes em mim feito água de cacimba.


Frederico Salvo.

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Direitos efetivos sobre a obra.

Lei n° 9.610, de 19.02.98

Um comentário:

Ana Coelho disse...

Uma inspiração divina mesmo, muito sensual.
Beijos