11.2.09

Pistas do passado

Há algum tempo é desejo meu postar aqui, também, um outro tipo de atividade que gosto e que sobremaneira traz indizível prazer a minha alma. A partir desse primeiro, pretendo postar aqui outros desenhos que fiz e que a mim representam muito. Sob às palavras da minha estimada amiga Márcia Oliveira que carinhosamente dedicou-me o texto e o poema abaixo, compartilho com todos vocês, que me deram o prazer dessa visita, um pouco dessa faceta que para mim é fonte de inigualável contentamento.



Caríssimos leitores,

Reproduzir algumas imagens que lhe dão sentimento de valor é mais uma das habilidades do meu amigo Fred.

Cantor, compositor e poeta, eterniza em traços simples, porém hábeis, paisagens e monumentos fascinantes. Às vezes um rochedo, às vezes frágil, verseja em traços harmoniosos uma linha de horizonte perfeita o que faz do resultado, um sentimento imprevisível à visão de cada pessoa.

Tristeza ou alegria, dor ou contentamento, solidão quem sabe, se escondem nesses relevos.

Numa simplicidade que vem de dentro pra fora, utiliza o grafite, dessa vez para nos presentear com imagens que transcendem o encanto da vida, onde foram depositadas esperanças e sonhos inconcessos, onde é possível sentir, muitas vezes como navalha afiada, todo o sacrifício de um povo ensaiando o futuro, na construção do passado.

Nas perspectivas, nos sombreados, na ausência de cores, nas diferentes nuances, poetou em traços a alma dos fortes, recolhida na imensidão dos casarões, nas imagens de templos construídos por um povo cuja fé, alicerçada no sentimento de liberdade, nos contagia até hoje e nos é revivida através das reproduções feitas por esse poeta devoto e disciplinado.

É, sem dúvida, mais uma faceta desse amigo tão querido que me dá, apesar da redundância, a certeza absoluta de que é um artista talentoso, ímpar, versátil e merecedor de aplausos sinceros.

Escolhi, dentro desta galeria, uma de suas reproduções e arrisco com extrema ousadia, já que não sou poeta, a compor-lhe um texto como forma de homenagear o amigo a quem tanto admiro.



PISTAS DO PASSADO


À frente tracejada, ricamente detalhada
Uma velha casa, semi aberta ou abandonada
Majestosa escarpa sobre a mata verde vasta
Derrama lágrimas entre suas fendas castas

Sob o índigo céu, paira inócua centelha
Insólita peça, desbotada, vermelha
Esquecida no estéril chão largo e batido
Pelo sol, pela chuva, pelo uso esculpido

O que a visão do arvoredo oculta?
Quantos segredos a relva sepulta?
Vultos, sons, passos fortes, miragens,
Vozes, gritos, lamentos, imagens.

Suaves matizes, nuances, sombreados
Retalhos de vida nos ligando ao passado
Quem desenha poesia com tal sentimento
Verseja em traços a alma, senhora do tempo.

Poeta que escreve em desenho a história
Em riscos hábeis, rebuscando a memória
Frágil, imprecisa de um longo tempo, tardio
Retrata momentos que ao vê-la sentiu.

Que pedaço da vida esconde a gravura
Que o poeta exaltou ao poetar a figura?
Ânsia de dar à história, valor por direito
Retratando essa paisagem de modo perfeito.

O que há no interior desse quadro intrigante?
Que ao poeta ao compor, lhe escapou num instante?
Paixão, solidão, quem sabe desejo ou amor?

Nessa tela, poeta, não há botão nem flor!


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Ao Fred, muito carinho e sucesso; aos poetas, minhas sinceras desculpas pelo atrevimento.


Márcia Oliveira
03/02/2009


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Obrigado pela presença.


Frederico Salvo
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Direitos efetivos sobre a obra.

2 comentários:

José Manuel Brazão disse...

Querida Márcia

O dia chegaria!
Largaste os medos e tens aqui um belo texto!
Sempre acreditei!

Peço autorização para o publicar no meu Blog "No caminho das emoções" onde tenho muitos autores convidados!

Como grande Amiga gostaria que estivesses entre eles!

Beijos com carinho

Liliana G. disse...

Estimada Márcia, no debés disculparte, pues de tu pluma ha nacido un bellísimo poema que le hace merecido honor a nuestro amigo.
A vos Márcia, felicitaciones por poner en palabras un sentimiento tan fuerte y fiel.
A Frederico, porque no sabía de su otro arte, tan impecable como el que nos muestra cada día.
Para ambos, ¡Un gran cariño! ¡Ojalá el mundo viera a través de sus ojos!