13.10.09

Reação


Qual de nós, por mais manso que fosse, sob constante provocação, não reagiria com uma palavra áspera ou, além do limite do autocontrole, com um gesto impensado e, quem sabe, violento? Por mais incômoda a imagem, parece natural que seja assim. Um dia, talvez inesperadamente, essa pessoa reage. Tomemos por exemplo outra criatura: a cobra. A idéia que fazemos dela, grosso modo, não é lá das melhores, mas ela apenas guarda suas características naturais. Ali em seu ambiente, utiliza sua peçonha na caça às presas que lhe servirão de alimento ou no intuito de se proteger. Ao ser acuada, seja por um predador ou por um homem desavisado, simplesmente reage e lança seu veneno. Dito isso, prossigo.
Temos assistido, boquiabertos, a fenômenos naturais a cada dia mais violentos. Muitos seres humanos têm desencarnado ou sofrido as conseqüências trágicas desses acontecimentos. Frente à televisão, tendemos a perguntar se existe mesmo um Deus, e se existe, como Ele permite que haja tanto sofrimento. Ora, Deus é simplesmente o bem maior, e é onipresente, e está em toda a natureza que, como no exemplo da cobra, simplesmente reage. Sim. Reage frente ao nosso comportamento destrutivo, ao nosso descaso constante. Ele reage implacável frente ao exercício do nosso livre arbítrio, que infelizmente tem nos levado por um trajeto que na certa desembocará no lago da nossa própria destruição. Somos capazes de um desenvolvimento tecnológico inimaginável, capazes de dar um passo gigantesco no espaço e desbravar outros planetas, mas, contraditoriamente, não somos capazes de somar dois mais dois, no que tange à preservação da natureza e conseqüentemente à nossa própria preservação. Há que se encontrar uma outra política que minimize essa infelicidade, um outro caminho onde possamos pensar mais em “nós” e esquecermos um pouco o “eu”. Enquanto isso não acontece, alguns comentam os resultados dos jogos de fim de semana, outros se orientam e manipulam os índices econômicos. Uma minoria, pouquíssimos, sobe em telhados e grita contrária a tudo isso. Mas a maioria, além de cega, também não tem ouvidos para esse apelo.


Frederico Salvo

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