22.7.10

Quando adormecem as personagens


Aquela primeira imagem tosca
Que viste ao desabrochar da primeira lua;
Aquele sorriso de meia boca
Que deixaste escapar quando viste,
Já não são assim tão distantes;
Bailam no mesmo quadrado macio,
Na mesma penumbra cálida do quarto.
Tudo porque um gesto lânguido e calculado
Chegou até aquele olhar desatento,
Despertando algo que há muito adormecera.
E esse gosto acre que agora tens na boca
Porque bebeste comigo durante toda à noite,
Nos trouxe até aqui.
E já não te perturba mais as nossas diferenças,
Nem tens mais aquele ar superior que trazes sempre contigo.
Deixaste pendurado no closet, sua roupa
E a máscara que usas freqüentemente.
Nua tu te revelas em meus braços;
Tens no corpo e na alma
Apenas tua simplicidade de fêmea.





Frederico Salvo

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