4.7.09

Compondo um soneto



Hoje pela manhã, quando abri os olhos, veio-me clara na cabeça a frase com que comecei o seu soneto: “Coloca sobre mim o teu olhar profundo”. E pude realmente senti-lo cintilante em meu quarto, na penumbra que permeava tudo. Sua silhueta bem definida e um começo de sorriso nos lábios envolviam em tranqüilidade o meu princípio de manhã.
Depois, quando sua mão tocou suavemente meu rosto, veio a segunda frase: “E põe em minha face tua mão serena”. Comecei a repetí-las lentamente, observando a métrica e onde estavam as sílabas poéticas de apoio. Fui dando ritmo a elas e vi que mereciam uma resposta para fechar a primeira quadra.
Veio-me a terceira frase: “Pois só dessa forma tem sentido meu mundo”.
Podia mesmo senti-la ao meu lado, sua mão acariciando meus cabelos. Olhei para você e recebi um lindo sorriso como sinal de aprovação.
“E a vida, só por teu sorriso, vale a pena”. A quarta frase veio como resposta ao seu ato.
Se verdadeiramente o amor tem sido um sentimento libertador e tem vindo, através dos tempos, como a busca maior de todo ser vivente, pensei ser conveniente colocar na próxima quadra, frases que falassem desse sentimento. As duas primeiras da segunda quadra vieram juntas: “Se a pena que te escreve cálido soneto” e em seguida: “Expressa todo sentimento verdadeiro”.
A penumbra do quarto começava a se desfazer, dando lugar aos primeiros raios de sol da manhã. Levantei-me apressado e entrei para o banho. Deixei-a em minha cama, adormecida, como a última imagem daquele sonho.
No chuveiro, enquanto a espuma escorria pelo meu corpo, comecei a pensar na velocidade do tempo que, inexoravelmente, nos arrasta a todos e me veio a clara certeza de que precisava fazer esse amor estar em minha vida. Precisava, sinceramente, conviver com ele.
“Não é justo o tempo tornar-me obsoleto”.
Resolvi que escreveria mesmo o soneto e que falaria de você a todos que conviviam comigo.
“Por isso grito agora, alto, ao mundo inteiro”. As frases continuavam pausadas e com essa última, acabei concluindo a segunda quadra. Faltavam agora os tercetos e foi enxugando o corpo que tive a idéia de neles me declarar a você.
Bom. As declarações, vez ou outra, costumam soar de forma piegas, carregadas de sentimentalismos fugazes, mas não deixei que isso desmanchasse as minhas idéias, que continuavam vindo como num turbilhão.
“Amo-te desenfreada e intensamente”
E ainda...
“Amo-te de uma forma linda e inesperada”
E fechando o primeiro terceto:
“Amo-te assim, de inexplicável maneira”
O último terceto me veio inteiro. Corri, me assentei de frente ao computador, coloquei o seu endereço no e-mail e digitei o seu soneto, que horas depois você leria com surpresa:

Paixão Imensurada

Coloca sobre mim o teu olhar profundo
E põe em minha face tua mão serena.
Pois só dessa forma tem sentido o meu mundo
E a vida, só por teu sorriso, vale a pena.

Se a pena que te escreve cálido soneto,
Expressa todo sentimento verdadeiro;
Não é justo, o tempo, tornar-me obsoleto,
Por isso grito agora, alto, ao mundo inteiro:

Amo-te desenfreada e intensamente,
Amo-te de uma forma linda e inesperada
Amo-te assim, de inexplicável maneira.

Gostaria de tê-la e amá-la eternamente,
Sob o signo de uma paixão imensurada;
E trazer comigo o amor; pela vida inteira.



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Beijos de quem muito te adora!





Frederico Salvo.


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Direitos efetivos sobre a obra.

5 comentários:

Liliana G. disse...

¡¡Bellísimo y apasionado!! Un gran homenaje al ser humano, al amor mismo...
Un soneto verdaderamente maravilloso, como todo lo que escribís, amigo mío.

Un fuerte abrazo.

Anônimo disse...

Fred: esses três últimos poemas e o testemunho de seu processo de criação são lindos, lindos, e...sedutores!Abs, Taliah.

Suely Ribella disse...

Lindíssimo post!
Adorei o soneto!
Bj!

- Moisés Correia - disse...

Passando para sorver e saborear
Cada letra, palavra, frase, poema ou poesia…
Para ler e ver, este jeito e modo de vida,
O do universo das palavras!
Pensamentos que aludo!
Porque ler, sentir e sonhar
Para muitos… pode dizer nada!
Para outros… o nada pode dizer tudo!

Um fim-de-semana
Cheio de momentos e palavras
De amor e alegria!

-MANZAS-

cristinasiqueira disse...

Oi Fred,

Lindíssimo o poema e a prosa lírica da história de amor.A nascente dos versos em testemunho lúcido,humano,sensível,arrebatador.Ficou muito lindo.
Passe pelos blogs:www.olivrosagradodasacerdotisa.blogspot.com
tem um selo presente da Estela ,que artisticamente ela compos com um poema de minha sutoria.Leve com vc este carinho.
No blog www.cristinasiqueira.blogspot.com ,a voz da Querida Querubim se faz de amor e delicadeza.Um espaço poético.Passe por lá.
Com carinho,

Cris