25.4.09

Concomitância



Continua ecoando em mim
O som das palavras não ditas.
Permanece comigo o arrepio
Provocado pelas mãos que não me tocam.
Continuo sendo o vazio e o cheio,
Numa feroz concomitância.
Continuo delirando em versos,
Debulhando-me em devaneios
Que me enchem o espírito do muito querer
E o esvaziam das sensações calejadas
Pelo não poder ser.
Sou o instante derradeiro
Que separa a gota de orvalho que cai solitária,
Da imensidão de um oceano.
Sou como aquele que acena feliz e emocionado
Na chegada do trem,
Para uma plataforma onde não há ninguém.
Sou como a flor que desabrocha em magnífica beleza
Na solidão da mata fechada.
Como um mudo que,
Consciente de sua impossibilidade,
Extasiado, se cala.




Frederico Salvo

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Direitos efetivos sobre a obra.

3 comentários:

O mar me encanta completamente... disse...

Fico no silêncio a "ouvir" tuas palavras.
Rendo-me à sua beleza.
Ao ritmo, à cor.
Dizer-te que adorei não basta, Fred.
Porque foi mais...

Beijinho

Liliana G. disse...

Querido Fred, ojalá continúes "delirando en versos" porque es a través de ellos que se manifiesta la grandeza de tu alma.
Poeta de la vida, tus versos son magníficos.
Un beso muy grande.

Sonia Parmigiano disse...

Simplesmente sem palavras...prefiro me calar e continuar assim, a ler, apenas...

Belíssimo, Poeta!!!

Peço licença para postar este Poema em meu Blog...

Abraços,

Reggina Moon
Verso & Prosa