29.4.09

Ampulheta


Eu já não sou mais o que fui outrora...
Tanta coisa minha ficou no passado.
Tenha-me somente pelo que agora
Encontras em mim, assim, renovado.
O rio que corre é sempre outro rio,
No instante seguinte: outra realidade.
Vão-lhe pelo leito, rolando a fio,
As águas passadas deixando saudade.
Voa apressado o tempo lá fora,
Foge entre os dedos, fugaz, indo embora,
Passa e desafia a fé e a ciência.
Esvai-se a areia no vão d’ampulheta,
Mostrando a certeza, a dura faceta,
Nessa inexorável impermanência.



Frederico Salvo

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Direitos efetivos sobre a obra.

5 comentários:

Liliana G. disse...

Querido Fred:
No me puedo sustraer al placer de leerte y de disfrutar con tus versos.
Si el pasado ha dejado recuerdos, entonces no ha pasado en vano. Los recuerdos son nostalgias que debemos llevar a cuestas y por las que algún día volveremos a soñar, a amar y a vivir a través de ellas.
Muchos besos, amigo mío.

Vivian disse...

..."O rio que corre é sempre outro rio,
No instante seguinte: outra realidade."

assim somos todos nós,
e é aí que reside o encanto.

você é maravilhoso com as palavras.

beijo-lhe a alma...

adoro...

Ava disse...

Frederico, chamou-me a atenção, o nome do seu blog.
Pistas de Mim Mesmo. Estou procurando essas pistas...rs
Enquanto não encontro, me delicio com seu poema...

"Esvai-se a areia no vão d’ampulheta..."

Assim como a areia esvai-se não vão... nossa vida também se esvai por entre os dedos...

É assim o viver!

Adorei conhecer o seu espaço!


Beijos avassaladores!

Ava disse...

Estou levando o selo/imagem Eu Faço Parte.
Linda iniciativa!

Sonia Schmorantz disse...

Um poema perfeito!! Gostei muito.
Um excelente final de semana.
abraços