19.9.09

O ébrio


Na ponte, à base do pilar, vejo o negrume
Da chama que há pouco aqueceu a alma vazia
D'um corpo que ora adormece à luz do dia,
Jogado, invisível, estendido num tapume.
Alguns transeuntes passam e dizem: _ Ébrio!
Nem mesmo conhecem o porquê daquela sina.
Seguindo a razão social, a alma bovina,
Só julgam, tal qual semelhantes no sinédrio.
Ali, eis que jaz um restolho d'esperança
No seio de sã e notável temperança
De quem, num momento extremo, a dor se incumbe.
E o homem sensato então tomba sozinho
Ao gosto de intenso e injusto burburinho,
Assim como o bem, nessa vida, ao mal sucumbe.


Frederico Salvo
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Direitos efetivos sobre a obra.

Um comentário:

Mª Dolores Marques disse...

Um realidade dolorosa e infelizmente tão presente aos nossos olhos

Um beijo daqui

Dolores Marques