5.2.11

Amor ao cair da tarde (sonetos conjugados)


I

Entro e estaco diante de ti
Que ressona deslumbrante e nua.
Curvilínea anca que é só tua
E que de igual feitiço eu nunca vi.

Pêlos claros na pele queimada
Douram-te à silhueta esguia
Sob a parca luz do fim do dia
Que ao teu corpo vem enamorada.

Teus cabelos longos sobre os ombros
Deixam minh’alma sob os escombros
Do desejo que me vem em marés,

Como ondas ao rugir do vento.
Eu, entorpecido, não me agüento
E louco, começo a beijar-te os pés.

II

Reages rápida num instinto,
Recolhendo a perna num rompante.
Tiras os cabelos negros da fronte,
Tonta como quem bebe absinto.

Mas logo percebes minha astúcia;
Lês nos meus olhos o meu intento
E então, num espreguiçar-te lento,
Serves teus pés à minha volúpia.

Beijo-te a carne das coxas mornas,
Cravo-te as unhas, mordo-te os flancos,
Sinto o teu cheiro invadir o quarto.

Enquanto gemes baixo, eu me farto,
Percorrendo, um a um, teus encantos;
Sorvendo-te o sumo que entornas.


III

Sobre ti meu corpo agora freme.
Idas e vindas ao bel compasso;
Prendes meu corpo como num laço;
Mil solavancos. O leito treme.

Palavras soltas, entrecortadas
Por suspiros, beijos e gemidos;
Fogo que aguça meus sentidos
E faz mais veloz as estocadas.

Tudo fica longe, o mundo gira.
O prazer maior se aproxima,
Vem chegando forte num espasmo.

Tesa como a corda de uma lira,
Cume do prazer, ápice do clima;
Estremeces num profundo orgasmo.


Frederico Salvo

Um comentário:

A Probe disse...

Caraca! Mandou bem, meu querido primo! :-)