17.2.11

Fato consumado


Sem ti eu sinto que o mundo tropeça
E vou seguindo feito embriagado.
Coxo é meu samba, mais triste meu fado,
E vão dar em tango febril. Já não cessa

N’oco do peito esse grito abafado
Que guarda em si uma dor que tem pressa,
Que desencanta o mundo e perpassa
O fundo d’agulha que tece o bordado.

Meu rio se arrasta, meu lago pranteia,
Tudo que anima meu ser perde a graça,
Nem sombra sou do que fui no passado.

Na fina prata à luz da lua cheia
Só uma verdade enche minha taça:
Sem ti a saudade é fato consumado.



Frederico Salvo

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