13.9.10

Soneto do desprendimento


Se a ti, conscientemente, impeço
De realizares tuas quimeras;
Assim também, consciente, ingresso
Ao incômodo rol das bestas-feras.

Se do fruto que colher queres tanto
De fato não posso ser a semente,
Não é justo que eu me sirva, portanto,
Para meu doce deleite, somente.

Se pudesse não sofrer; _ Quem me dera!
Se me perdesse em profundo sono;
Remediado estaria esse inferno.

Vai, então, no auge da primavera;
Que eu fico aqui em meu outono,
Pois não mereces, da vida, esse inverno.


Frederico Salvo



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Direitos efetivos sobre a obra.

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