5.9.10

O ciclo das águas


Abra sua boca agora
E deixe entrar a esperada chuva.
Sinta-se como se fosse a terra
Sorvendo, sôfrega, essa água.
Sinta-se umedecer por dentro
E crie a condição propícia
Para que seus sonhos venham
Como a relva nova,
Para que seus males
Eclodam como as ervas daninhas.
Cuspa as desventuras
E os gestos interrompidos;
Sue as frustrações incorporadas,
Recenda à esperança das conquistas futuras.
Guarde em si
A essência que toda semente adquire
Ao germinar no ventre da sagrada terra.
Depois, seja a seiva do broto,
A nódoa, o perdigoto
Do sumo dessa fruta doce
Que agora tenho em minha boca.


Frederico Salvo




*****************************************
Direitos efetivos sobre a obra.

Nenhum comentário: