20.2.10

Soneto sobre o nada


Não sei exatamente o que falar agora.
Portanto, resolvi escrever sobre o nada.
Começo retirando os minutos das horas;
Números, ponteiros, arranco e lanço fora.

Balanço cada página do meu diário
E junto meus poemas todos na lixeira.
Desmancho cada data do meu calendário
E guardo meus anseios vãos na geladeira.

Eu solto da janela as penas da saudade
E uma a uma apago as luzes do futuro.
No ralo do banheiro a razão atiro.

Enterro no quintal lembranças de amizade,
Depois na minha cama, no meu quarto escuro...
Deitado, fecho os olhos, esqueço e não respiro.


Frederico Salvo

Um comentário:

Poemas e Cotidiano disse...

Meu amigo!
Que poesia mais bem feita, de uma forma tao precisa, e muito FORTE! Gostei muito, muito dessa poesia.
Quisera eu pensar no "nada" e sair uma poesia assim!
Parabens pela inspiracao!
Beijos
Mary