1.1.12

O que te espreita na esquina?





O que te espreita na esquina?
Um malandro delinqüente?
Um bêbado impertinente?
Um Vesúvio? Um Katrina?

O que te espreita na esquina?
Um olhar que te encanta?
Um larápio sacripanta?
Aquele negócio da China?

Na certa, algo te espreita;
Algo tem contigo um encontro.
O relógio; Sempre o relógio.
Naquele exato instante,
O que te espreitava adiante,
Bate contigo na esquina.

O que te espreita na esquina?
Um roto e pobre pedinte?
Uma nota perdida (de vinte)?
Uma puta messalina?

O que te espreita na esquina?
O rosto da antiga amada?
Um amigo camarada?
Uma cólica repentina?

Na certa algo te espreita.
E pode ser qualquer coisa,
Ou também pode ser nada.
O vento. Quem sabe o vento?

Somente na última esquina,
Onde a saudade se enfeita
Uma certeza é cristalina:
A morte...
A indesejada morte...
Que sorrateira te espreita.


Frederico Salvo

Um comentário:

Karynha disse...

Poucas foram as vezes que experimentei a sensção de ouvir uma poesia, e ela fica ainda mais linda na voz de quem a escreveu, pois vem carregada do sentimento que a criou, vem nua e tímida como veio ao mundo, eu estou apaixonada por essas sensações.