23.3.11

Entre a cruz e a espada



Se o que me é claro às vezes contradigo
E me coloco a agir como não penso,
Firo-me à luz desse contra-senso
Fazendo de mim o meu próprio inimigo.

Como é mordaz a métrica do pecado,
Que em sua sedução rapta a consciência
E a desnuda entre o deleite e a prudência
Ante a face do desejo protelado.

Eu me sinto entre a cruz e a espada;
A certeza frente a isso é quase nada.
Sou presa fácil à mercê desse vil laço.

Se pareço, aos teus olhos, tão confuso,
Falo-te já (Pois sei que ao erro te induzo):
Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.


Frederico Salvo

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