12.12.10

Chão de incerteza


Enquanto a vida passa, ficam esses momentos.
Somente alguns instantes; fugazes navios
Rasgando bravamente esses mares bravios
Fazendo esquecidos todos os tormentos.

Um gosto prazeroso brincando na boca
E a ânsia adormecida em berço embalado
Por mãos que se confundem, por gestos desejados,
Nos únicos minutos dessas horas poucas.

Depois vem o vazio, o chão de incerteza,
O navegar sombrio em águas estrangeiras
E a vaga melodia d’um sentimento solo.

Espalhadas lembranças, soltas sobre a mesa,
De cada verso meu se apossam ligeiras...
Nas tramas d’um soneto breve me consolo.


Frederico Salvo

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