13.6.10

Último ato


Essas desconexões, esses hiatos
A me tirarem o sono, importunos.
Esses momentos amargos, caricatos,
A me roubarem a paz feito gatunos.
Toda realidade em limpos pratos,
Fatos desconcertantes e soturnos,
Incômodos pesadelos. Seriam ingratos
Esses ataques ferozes e noturnos?
Quem sabe dizer que sim? Quem poderia
Atrever-se a dizer não de modo exato?
Quem, no gelo da razão se despiria?
Cada um, ao modo seu, firma um contrato
E se apraz do que plantou durante o dia
Na noite que se desfaz n’último ato.

Frederico Salvo

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