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O mar... mesmo após a tormenta se agita.
Em mim não há só essa água tranqüila,
Nem só essa brisa que calma sibila.
A boca que cala é a mesma que grita.
Se fui tanto mais esse rio sereno,
Também fui a língua da fala aflita,
A dor lancinante, a palavra maldita
Que fere e inocula exato veneno.
Que saldo tens de mim tu que me sabes?
Em ti, sou eu mais que a dor dessa mágoa?
Sou mais que o vento que agita essa água?
Ninguém é só flores; ninguém é só males;
Ninguém só certeza; ninguém só engano;
Pois ser inconstante é também ser humano.
Frederico Salvo
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