A desconectividade que sinto
À sombra desses flagelos
Que rondam os nossos dias,
Traz errantes melodias,
Arestas de pesadelos
Regados a absinto.
E tudo então que havia
Ressoa tão esquisito
Como não houvesse nada.
Às portas da alvorada,
Ouve-se apenas um grito
Coimo anúncio de outro dia.
Por hora esse mormaço
Da realidade do homem
Enche o ar de fumaça.
E como encontrar a graça
Quando os anseios dormem
Nas lembranças de um abraço?
A esperança se atropela
Pelas estradas vazias
das viagens malogradas.
E todas as coisas sagradas,
Tudo o que julgam utopia,
Na cálida tarde a luz reverbera.
Sobra em mim essa ode,
Esse caco de agonia,
Num avesso de quem me dera.
Frederico Salvo
31.01.21