Transformei-me em algo, assim, meio cortante...
Um punhal, um estilete, uma navalha.
Fui forjado no esmerilho constante,
pela mó inflexível da batalha.
Nessas curvas sinuosas cada passo
Foi um ato decisivo no caminho.
Cada nota dada fora do compasso,
Cada erro, cada gesto em desalinho
Deram fio expressivo a este gume
Que hoje fere a mim mesmo amiúde
Nas estradas deste mundo, vida afora.
E da lâmina que sou só resta agora,
Ser bem mais amor e, muito menos rude,
Esquecer da dor e ser somente o lume.
Frederico Salvo
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