
26.3.11
23.3.11
19.3.11
Soneto sobre a saudade (republicado)

Olá queridos leitores.
Especialmente volto a publicar por aqui o meu "Soneto sobre a saudade", dessa vez para prestar uma homenagem ao amigo e radialista Odair Silveira que faleceu essa semana. Odair elegeu alguns dos meus poemas para fazerem parte do seu programa. Não o conheci pessoalmente, mas deixo aqui a minha homenagem a esse amigo e também o meu desejo de sabê-lo em melhor lugar. Ressalto a grande interpretação que Odair deu a esse poema.
Música após o soneto: "Onde anda você" de Toquinho e Vinícius de Moraes, na voz de Altemar Dutra.
17.3.11
Prefácio
Empenho. Amálgama da minha sorte.
Eu na toada da noite venho
Até que um sol no horizonte aporte.
E já que a única razão que tenho
É estancar o sangue desse corte
Melhor fazê-lo sem franzir o cenho,
Posto que a vida é o prefácio da morte.
Frederico Salvo
Eu na toada da noite venho
Até que um sol no horizonte aporte.
E já que a única razão que tenho
É estancar o sangue desse corte
Melhor fazê-lo sem franzir o cenho,
Posto que a vida é o prefácio da morte.
Frederico Salvo
15.3.11
Poesia
13.3.11
O avesso das coisas

Onde houver luz existirá sombra.
Habitam juntas tristeza e alegria.
O breu da madrugada que agora assombra,
Quando alcançar o ápice será dia.
A água boa que debela a tua sede
Passeou n’alguma nuvem, evaporada.
Esse sono embalado em tua rede
Foi vigília quando veio a alvorada.
E do nada todas as coisas surgem;
Acho o avesso quando digo uma palavra.
Houve o feio quando a boca disse: _ Belo!
Pode intensa clareza ser vertigem.
Água calma poderá ser onda brava;
Como o prego tem por oposto o martelo.
Frederico Salvo
3.3.11
Não há que se dizer mais nada

O fogo que há em ti
É o mesmo que me queima.
Em mim pode agitar a alma
E atormentar os pensamentos
Em ti pode ser apenas
Uma branda chama apática.
Pode ser que em ti
Não consiga aquecer a melancolia
E nem iluminar-te os olhos,
E em mim seja calor eufórico
A brasa da minha língua,
Mas será sempre o mesmo fogo.
O mesmo que na natureza
Vai adubar a terra
Onde então a semente
Estabelecerá sua morada.
A terra que há em ti
É também a mesma que me firma.
Em mim pode ser ressequida
E devorar qualquer umidade.
Em ti pode ser fecunda
Casa de todo verde.
Pode ser que em ti
Seja estrada que encaminhe
E te encha de viço os lábios,
E em mim seja apenas deserto
A sede na minha boca,
Mas será sempre a mesma terra.
A mesma que na natureza
Vai abrigar a pedra
Onde a água cristalina
Brotará como encantada.
A pedra que há em ti
É a mesma em que me assento.
Em mim pode ser início
A base da fortaleza.
Em ti pode ser estorvo,
Lápide indesejada.
Pode ser que em ti
Seja peso sobre os ombros
Ou lhe feche as narinas,
E em mim seja solo seguro
Onde não se conhece a tristeza.
Mas será sempre a mesma pedra.
A mesma que na natureza
No âmago da sua dureza
É berço de toda água.
A água que há em ti
É a mesma que me sacia.
Em mim pode ser escassa
A fonte de todo medo.
Em ti pode ser que farte
Dádiva pura e sagrada.
Pode ser que em ti
Seja rio caudaloso
Ou mar de completa abundância,
E em mim seja ínfima gota
Inexpressiva em meu deserto.
Mas será sempre a mesma água.
A mesma que na natureza
Vai hidratar a semente
Da árvore tão esperada.
A árvore que há em mim
É a mesma que em ti aflora.
Em mim pode ser frondosa
Sombra ao meio-dia.
Em ti pode ser esquálida,
Frágil, mero caniço.
Pode ser que em ti
Seja baixa e retorcida
Ou cacto de pura ira
E em mim seja forte e frutífera
Esteio da minha rede.
Mas será sempre a mesma árvore.
A mesma que na natureza
É mais suscetível ao fogo
Quanto mais é ressecada.
E agora, se me permite,
Não há que se dizer mais nada.
Basta só entender que a vida,
Em nuances repartida,
Nunca foi fragmentada.
Frederico Salvo
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