
De que cor era teus olhos?
Verdes? Talvez.
Azuis? Já não me lembro.
Olhos, quem sabe, negros...
Como a noite que há agora.
Sei que neles, pela primeira vez,
Mergulhei nu de pele e alma.
Da retina, deslizei ao canto
E rolei como uma lágrima...
Um oceano de vida condensado numa gota.
Tua boca sorveu-me salobro
E adentrei para além do teu físico,
Transcendendo tuas mucosas quentes
Na vaporização dos teus humores...
E então sussurraste-me ao ouvido: _Amor.
Mas a vida escorreu num declive,
Apossando-se o tempo, das horas.
E eu, aqui,
Já nem me lembro mais
Qual era a cor dos teus olhos.
Frederico Salvo
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