29.7.13

Refrigério


" Comprazei-vos, ó Deus; em me livrar;
Depressa, Senhor:
Vinde em meu auxílio".
(Salmos 69:2)

Eis que, na sombra do meio dia,
Curta, minguada e aos meus pés
Surgiu um refúgio.
Eu que olhava o sol
E sentia suas propriedades ígneas,
As vaporizações sufocantes,
Os consequentes suores indesejáveis,
Não reparei-a a gritar meu nome
E a indagar:
Lembra-te de mim?
Eu sou filha do frescor da noite
Que provaste um dia.
Caminha em frente,
Reúne forças,
Porque ainda hoje
Baterei inteira em tua porta
E serei teu refrigério.


Frederico Salvo


14.7.13

Parto


Parto em dois
os descompassos dessa vida.
E antes que o não sonhar
intente o parto,
parto.


Frederico Salvo

10.7.13

Bruta flor

Exatamente hoje faz um ano,
Que por ser bruta flor parece dez.
Um período difícil e, salvo engano,
Da fieira da vida, um viés.

A princípio: estúpido, insano;
Pelo meio: o estouro das marés;
Pela fé? Um autêntico oceano
Sob a ótica e a certeza de Moisés.

Acredito (pois é só o que me resta)
Na vivência adquirida nesse ano,
Que por ser bruta flor parece dez.

Tens, amigo, meu convite para a festa
A essa flor, ontem bruta, hoje me irmano

Vencida... desfolhada... aos meus pés.


Frederico Salvo



5.7.13

Cabe em minha mão



Cabe em minha mão, presumo,
Toda a dimensão da vida.
Tudo de sonhar, a direção, o prumo,
Cabe em minha mão.

Cabe em minha mão, espero,
Tudo a se forjar na lida.
A dedicação, o farejar, o esmero,
Cabe em minha mão.

Cabe em minha mão, confio,
O seio teu minha querida.
O sussurrar, o apogeu, o cio,
Cabe em minha mão.

Cabe em minha mão.


Frederico Salvo