24.8.10

Tema breve (instrumental)




Olá, amigos!!
Para finalizar o mês de agosto deixo para audição de vocês o meu "Tema breve", composição que usei para musicar o poema "Calmaria", postado por mim aqui no mês de junho de 2010.
A todos o meu muito obrigado pela presença.
Abração!
Frederico.


Frederico Salvo: violão

22.8.10

Das incertezas do amor - II -


Finjo não ver teus defeitos
Ultrapassando a largura dos ombros.
Abro os braços e abraço-te plenamente,
Imbuído de profundo e sincero afeto.
Afinal os teus dedos me vão além da epiderme.
Só eles perpassam a fáscia e os músculos
E exploram os meandros da minha alma.
Defeitos?! Decerto todos os temos,
Mas fecho meus olhos a eles.
Sorrio um sorriso quase franco
E escondo as miudezas que me fazem pensar
Que posso estar enganado.
Poderiam soprar em meus ouvidos
Que haveria de ter sido mais feliz
Se tivesse me dado àquele amor primeiro.
Te amo porque me é seguro que seja assim.
Ao som das canções que emolduram o nosso passado,
Nossas fotografias mostram olhares iluminados.
E hoje tenho a profunda convicção
De poder dizer-te: Somos felizes?


Frederico Salvo

20.8.10

Guerra e paz


A poesia não é nada mais
Do que memória de original pureza.
É a lembrança segura do cais,
É inocência, é delicadeza.
Se aventura-se por outros caminhos...
Pesados versos, amargas palavras...
Onde o poeta ferido de espinhos
Se despedaça frente às ondas bravas,
É tão somente pálido reflexo
Da alma artista a debater-se sôfrega,
Desesperada a procurar por nexo.
Em intrincado jogo tão complexo,
É branca paz a repousar no côncavo,
Mas é também a guerra no convexo.


Frederico Salvo
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Direitos efetivos sobre a obra.


18.8.10

Pensamento


O pensamento é grande, rápido e livre,
Podendo estar aqui ou lá no Himalaia.
Atreve-se a fluir por baixo da saia
Da mais bela mulher com quem nunca estive.

Ninguém pode contê-lo, atá-lo ou fazê-lo
Estar onde não queira estar por vontade.
E mesmo que o maior segredo ele guarde,
Somente quem o pensa pode sabê-lo.

Imensurável glória do ser humano;
Que seja científico, sacro ou profano,
O saldo d’uma vida em ágil segundo.

Conduz-nos pelo breu dos mares bravios,
Farol a dar destino a nossos navios...
Assim é o pensamento: luz desse mundo.



Frederico Salvo
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Direitos efetivos sobre a obra.

16.8.10

Quando acordares...



Quando acordares...
Não te esqueças de lembrar
Que alguém considerou-te desmedidamente
Como um cais...
A última esperança de um sonho vago
Pela vida...
Pelos caminhos sinuosos enfrentados.
Alguém que, desacreditando do mundo,
Depositou em ti
Tudo o que afronta a impossibilidade...
A inoperância de sonhos maiores...
A utopia desajeitada dos primeiros anos.
Saiba, ao despertares,
Que a síntese de tudo que resistiu calado
Dentro desse peito delirante, ensandecido,
Repousou em ti em determinado momento...
E que esse momento
Refaz-se exponencialmente
Em minha luta por não entregar-me.
Quando teus olhos se abrirem
E virem a primeira imagem do dia,
Estará lá minha verdade,
Posto que sou chama viva
De tudo aquilo em que pousarem.

(agosto de 2010)



Frederico Salvo
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Direitos efetivos sobre a obra.

14.8.10

Soneto sobre a saudade


Quando você se vai a saudade aparece.
Implacável permeia minha existência.
E chego a pensar que é como se ela quisesse,
Por vontade própria, celebrar convivência.

Apressa-se em fazer, do meu peito, morada,
Compondo sorrateira a sua cantiga
Para fazer serenata de madrugada
E dragar, assim, minh’alma combalida.

Mas eu me aprumo e desfiro um golpe certeiro
Bem na fronte da saudade fria e malvada,
Encostando-lhe o sabre sobre a lapela.

E assim, estando em seu minuto derradeiro,
Sorri sabendo que eu não posso fazer nada,
Pois é seu rosto que está no rosto dela.





Frederico Salvo
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Direitos efetivos sobre a obra.

11.8.10

Não me basta


Aceito que seja assim,
Mas não me basta.
Quero mesmo é saber
Por onde o fio passa.
Em que viés,
Em que fundo de agulha...
Por onde a vida perpassa.

Frederico Salvo
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Direitos efetivos sobre a obra.

9.8.10

Noturno


Fustiga-me o brilho da tua luz,
Imensa luz à flor da tua estada.
Pousa intranqüila em meu coração de lata,
Que bate agora cheio de tanto nada.
Fustiga-me a ponto de cegar-me a tudo
Que não esteja agregado a tua aura,
Que não seja aquém do que não quero longe,
Dentro do achegado muito à tua alma.
Danço a dança do não saber-me vivo
Dentro da tua trama a respeito da vida,
Incerta, imprevista, na tela projetada.
Canto a melodia (quimera adormecida).
Um pálido lamento, um lúgubre motivo,
Sem pausa ou dinâmica, sem coda...inacabada.


Frederico Salvo
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Direitos efetivos sobre a obra.

6.8.10

Soneto para uma boa companhia


Um minuto em tua boa companhia,
Não sei explicar exatamente,
Mas é como algo que fermente...
Transforma-se sempre em um grande dia.

Um minuto em tua boa companhia
Jamais se esgota em si mesmo,
Tampouco se perde a esmo.
Envolve, enlaça, contenta, sacia.

E é justamente esse hiato
Que te faz interessante
E que a minh’alma abriga.

E já não posso esconder de fato
Que és, assim, um ponto eqüidistante
Entre a mulher,a amante e a amiga.

Frederico Salvo

3.8.10

Pés



Teus pés:
Doce lembrança.
Imagem constante
E que não cansa.
Epígrafe e símbolo
Do que me arrebata.
A grata forma,
A forma grata
De conduzir
Os passos dessa dança.

O duplo mimo
Que instiga
E desnorteia.
Razão ...
Que põe mais sangue
Em minha veia
E traz a essa peia
Mais pujança.

Grilhão...
Eis que minhas mãos
Tornam-se tanto.
A prenderem-te os pés
Como a uma escrava
Que lava meu dossel
Com tal encanto
Num canto de desejo
E intemperança.


Frederico Salvo

1.8.10

Tenaz



Tornou-se melhor porque,
à sombra do teu descanso,
exercitou-se carregando pedras.


Frederico Salvo